quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Flame - O "Gatinho Mágico"

Ok...

O nome "Gatinho Mágico", à partida, leva-nos a uma reacção do tipo: "Ai que fofo! Gatinhos? Adoro gatinhos! Estórias para crianças com um gatinho como personagem principal? Sim senhor! Tem toda a lógica e também a minha aprovação!"

Tudo bem...

Mas então passemos a ler o prefácio...

"Flame é o príncipe herdeiro do Trono de Leão, mas ainda não tem força suficiente para enfrentar o seu malvado tio, que lhe matou os pais e tenta reclamar o trono para si próprio. Flame é obrigado a esconder-se no mundo dos humanos, disfarçado de gatinho, mas não pode ficar muito tempo em nenhum lugar com medo que o tio o encontre. Por isso viaja de família em família, disfarçado de gatinho com pelagens diferentes, e usa a sua magia muitas vezes caótica para ajudar os que dela precisam."

E agora a reacção é... "WTF?!?!?"


P.S.: Só mesmo para destacar "que lhe matou os pais", "pelagens diferentes", "magia muitas vezes caótica" e droga (que não está no texto, mas está, com certeza, no organismo do autor dos livros).

6 comentários:

Anónimo disse...

É notória e deveras acutilante a critica à sociedade e Homem modernos bem patente em "O Gatinho Magico" de Sue Bentley.
Tomemos como ponto de partida Flame, o gatinho magico, herdeiro de um trono, mas no entanto sem forcas para o reclamar. Trata-se da essência da vida, numa perspectiva empírica e quiçá realista em demasia. Não se tratará o trono de Flame de um utópico sonho, um objectivo de vida fugaz e ilusivo, próximo ainda que inalcansável e para sempre perdido? Perdido para Ebony, no livro o tio de Flame, mas evidentemente um reflexo da nossa própria incapacidade exacerbada pela sociedade niilista e auto-predatoria em que vivemos.
A autora disfarça na aparente simplicidade de um conto de crianças uma intrincada rede simbólica composta por um realismo exacerbado fundamentado na interpretação pessoal do que é na essência uma pessoa. E trata-se, como pudemos constatar pela historia do próprio Flame de uma interpretação tendencialmente negra. A autora foge, como Nietzsche, da noção de um heróico super-homem, preterindo-o por uma personagem mais real, que mais se identifica com o comum dos mortais. Um gato. Não apenas um gato, mas um gato cujos sonhos e objectivos de uma vida se encontram rachados e mutilados, espalhados ao vento pela intempérie que é a vida.
O que eleva Sue Bentley acima de uma modesta escritora para crianças é a leitura que ela faz do Homem e sociedade (seremos transparentes a seus olhos?) e a forma como expõe e transpõe essa leitura para uma historia cativante. Note-se que Flame, quando sujeito à ruptura com a sua preconcepção do mundo, age ao mesmo tempo como o mais mundano e como o mais nobre dos seres. E esconde-se. E ai, todas as linhas metafóricas cuidadosamente talhadas se revelam para mostrar uma belíssima e única imagem. Flame, ou antes cada um de nos, esconde-se num agonizante e sobretudo diferente... mundo de Homens.
Sue Bentley coloca-nos defronte um paradoxo. Porque sera que o homem que foge retorna a um mundo de pessoas que por sua vez também fugiram de outro qualquer mundo, de outra qualquer vida?
Será que estivemos sempre presentes num mundo assim? Um mundo em que os sonhos são o material do qual o vazio e a desilusão são feitos, rasgados para a existência por entre espasmos de dor e a custo da nossa inocência? Não obstante, Flame é um renegado, um não conformista perante a sociedade. E não se abstem de usar um pouco da sua magia para remediar o que esta mal. E é assim que nos é alimentada um pouco de esperança. Uma verdadeira chamada as armas por parte de Sue Bentley para quem souber ler nas entrelinhas.
Mas mesmo neste toque de magia se consegue identificar uma provocação ao espírito. O caos. A autora deixa um aviso. Afinal, como se pode prontamente verificar em "Gatinho Magico: Confusão na Aula", a mais pequena intervenção pode trazer consequências nefastas e imprevisíveis. Uma brilhante critica a Keynes, que não obstante partilhar da mesma nacionalidade que a escritora, não poderia ser mais dispare no que concerne a politicas económicas e de intervencionismo em geral.
Outro fenomenal golpe de inspiração da-se quando, ao introduzir o polimorfismo felino por entre contos, permite com que cada leitor se afeiçoe de maneira particular a cada instanciação e troque maravilhosas historias de afecção. Também permite sem duvida muita conversa de café, para mentes mais doutas, sobre qual das imagéticas felinas se adaptará melhor ás condições de um conglomerado tribal pós-holocausto nuclear.
Em laia de conclusão não posso deixar de recomendar esta excelente colecção de livros tão cheios de imaginação e ideias, de simbolismo e critica dura. Certamente que todas as pessoas de todas as idades e credos encontrarão no "Gatinho Magico" um companheiro capaz de lhes falar directamente à alma e de lhes suspirar aquele tipo de ideias que, francamente, fazem demasiada falta nesta sombria sociedade contemporânea.

Someone Lost disse...

Temos um fã do Gatinho Mágico!
Eu não li os livros, nem pretendo ler (bom, não vou ler mesmo). Apenas tive acesso ao pequeno texto que está no site oficial, o qual transcrevi para aqui. E não acho, de maneira nenhuma, que seja indicado para crianças. Tu podes ver (e mais gente) esta personagem e as aventuras que a envolvem de um modo alegórico, mas as crianças não fazem assim! Transpõem as estórias que ouvem para a realidade, sem grandes transfigurações. E reafirmo a minha opinião: não é indicado para crianças!
E quanto à tua visão metafórica do "Gatinho Mágico"... Se formos por aí, a maioria dos livros origina uma interpretação diferente, consoante o leitor. E eu opto por outro tipo de livros.

Pedro Henrique disse...

O flame é 1 cobardolas. O flame se andasse na escola era um daqueles tótós que saltava à corda e levava porrada todos os dias. tenho pena do bichano pah.

eduarda disse...

tenho toda a colecção e adoro(b)

Anónimo disse...

Eu sou uma grande fã do gatinho magico. Eu adoro animais por isso escrevo este comentario. Espero ter os livros todos. Beijos e parabéns a Sue Bentley.

Anónimo disse...

Olá, eu sou a Filipa, tenho 9 anos e tenho quase toda a colecção, só me faltam dois livros.
Eu adoro estes livros, porque as aventuras são divertidas, o Flame é um gato de olhos cor de esmeralda, que pode mudar a cor do pelo e anda à procura de 1 amigo para o proteger. Eu nunca vi livros com gatos a passar por aventuras,que viajam de um mundo para outro, mas este livro é para crianças(acho). Sou uma grande fã de livros com gatos...